segunda-feira, 13 de outubro de 2014
PORQUE A RUA É/ERA UM BOM LUGAR? QUEM GANHAVA O "JOGO"?
sábado, 5 de abril de 2014
Balanço do V Congresso de Ciência do Desporto
Destaques: Embora não sejam áreas que domino e que concentro meus estudos, coloco como destaques as pesquisas e os pesquisadores da área da sociologia do esporte e da educação física e esportes adaptados. Enxerguei nos temas possibilidades. Na sociologia, possibilidades de um entendimento do nosso papel social e transformação do contexto esportivo educacional. Na EF e esportes adaptados, a palavra possibilidade entra para substituir a palavra limitação, que abrange amplo aspecto, e que não vou discorrer aqui, pois mereceria um texto só para falar disso.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Etapas do Desenvolvimento Para o Jogo
Durante o processo de formação do futebolista, além das modificações advindas do desenvolvimento biológico, há uma contribuição das competências que fornecem subsídios para a construção do “jogar”.
Para iniciarmos tal reflexão recorremos às considerações de Garganta (1) que salienta o desenvolvimento tático-cognitivo, técnico e sócio-afetivo como fundamentais do ensino dos jogos desportivos coletivos, no qual se enquadra o futebol. Além disso, salienta dois traços característicos fundamentais: a cooperação e a inteligência; como recursos de máxima importância para entendermos as fases do “jogar”. Para essa primeira (cooperação), entende-se como a comunicação dentro jogo através de referências comuns, manifestando a individualidade ao cumprimento dos interesses da equipe. E por inteligência entende-se a capacidade de adaptar-se aos problemas aleatórios do jogo, significa elaborar e operar respostas satisfatórias a cada um desses “problemas de jogo” (1, 2).
Dessa forma, precisamos compreender algumas características que levam em consideração a qualidade do jogo no quadro abaixo:
Indicadores de Nível Fraco de Jogo | Indicadores de Nível Bom de Jogo |
· Todos junto da bola (aglutinação) · Querer a bola só para si (individualismo) · Não procurar espaços para facilitar o passe do colega que tem a bola · Não defender · Estar sempre falando para pedir a bola ou criticar os colegas · Não respeitar as decisões do árbitro | · Fazer correr a bola (passar) · Afastar-se do colega que tem a bola · Dirigir-se para espaços vazios no sentido de receber a bola · Intencionalidade: receber a bola e observar (ler o jogo) · Ação após passe: movimentar para criar linha de passe · Aclaramento: afastar-se do colega que tem a bola e ocupar o seu espaço · Não esquecer o objetivo do jogo (fazer gol) |
Adaptado de Garganta (1)
Ao passo que a qualidade do jogo pode ser observada pelos praticantes e podem se manifestar em diferentes níveis, Garganta (1) divide em quatro as fases o desenvolvimento para o jogo: anárquica, descentração, estruturação e elaboração; as quais são caracterizadas no quadro a seguir.
FASES | RELAÇÃO COM BOLA | ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO | COMUNICAÇÃO NA AÇÃO |
Anárquica Relação Eu-Bola Subfunções Problemas na comunicação | Elevada utilização da visão central | Concentração em torno da bola e subfunções | Abuso da verbalização, sobretudo para pedir a bola |
Descentração A função não depende apenas da posição da bola Relação Eu-Bola-Companheiro | Da visão central à periférica | Ocupação do espaço em função dos elementos do jogo | Prevalência da verbalização Início da metacomunicação |
Estruturação Conscientização da coordenação das funções | Do controle visual para o proprioceptivo | Ocupação racional do espaço | Verbalização e comunicação gestual |
Elaboração Ações inseridas na equipe Ação cooperativa | Otimização das capacidades técnicas | Polivalência funcional | Prevalência da metacomunicação (comunicação corporal) |
Adaptado de Garganta (1)
Partindo dessa premissa, o jogo torna-se a maior ferramenta de ensino e o melhor indicador de evolução do futebolista. Assim sendo, a compreensão das fases do jogo nos permite organizar conteúdos que facilitem a aprendizagem ao longo do processo de formação de futebolistas.
Referências Bibliográficas
2. Garganta J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Lecturas Educación Fisica y Deportes [serial on the Internet]. 2002; 8(45): Available from: http://www.efdeportes.com/efd45/ensino.htm.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
JOGOS REDUZIDOS NO FUTEBOL: EFEITO DA DIFERENÇA NUMÉRICA ENTRE AS EQUIPES E ADEQUAÇÃO DAS CARGAS DE TREINAMENTO
Pasquarelli, B.N.1,2, Rabelo, F.N.1, Matzenbacher, F.1, Milanez, V.F.¹; Stanganelli, L.C.R1.
1: Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR.
2: Universidade Paulista, São José dos Campos-SP.
Introdução
No futebol, reconhecido como um jogo desportivo coletivo, deve-se treinar em busca de uma congruência entre todos os jogadores com relação as funções dentro do jogo. Assim, podemos definir esse comportamento coletivo como “Modelo de Jogo” de uma equipe.
Entretanto, preparar a equipe para adotar padrões específicos nas fases do jogo: ofensivas, defensivas e nas transições; implica em requisitar que as componentes técnicas, físicas, psicológicas e táticas sejam ajustadas às demandas do modelo de jogo da equipe. Um exemplo claro de como isso ocorre é se analisarmos a equipe do Barcelona; que adota um padrão de recuperação da posse de bola imediatamente após a sua perda ou que, predominantemente, mantém a posse de bola com um jogo apoiado, o qual requer grande mobilidade de seus jogadores na criação de linhas de passe.
Dessa forma, analisando somente essas duas características da equipe catalã, podemos identificar algumas características dos jogadores que a compõem: desempenho ótimo na capacidade aeróbia específica, ocupação racional do espaço e proficiência no passe.
Visto que os jogadores tem desempenho quantitativo e qualitativo diferente em cada uma das capacidades exigidas pelo jogo, gostaria de mostrar parte de um estudo de mestrado que teve como objetivo adequar as cargas de treinamento físico por meio de jogos reduzidos (JR) e verificar seu efeito no condicionamento aeróbio de jovens jogadores de futebol.
Material e Métodos
Participaram do estudo 17 jogadores de futebol (idade: 15,7 ± 0,5 anos). Antes e depois de oito semanas de treinamento, os indivíduos foram submetidos à avaliação da economia de corrida a 7 km.h-1 e 12 km.h-1 (EC7 e EC12, respectivamente) e para capacidade aeróbia específica pelo Yo-Yo Intermittent Recovery Test 1 (YYIR1). Os sujeitos foram divididos em dois grupos, os quais treinaram com inferioridade (JR-IN, < mediana no YYIR1, n = 8) ou superioridade numérica na equipe (JR-SN, > mediana no YYIR1, n = 9). Essa divisão foi utilizada durante 14 sessões de JR, todos com duração de 4x4 min e 5 min recuperação, com os seguintes formatos: a) 3vs.4, 20x30m; b) 4vs.5, 25x35m; c) 5vs.6, 30x40m. A intensidade dos JR foi analisada pelo percentual da frequência cardíaca máxima (%FCmáx) e de reserva (%FCres) (Suunto Team Pod,, Suunto Oy, Finlândia) e pela escala CR-10 de percepção subjetiva de esforço (PSE). Os valores da intensidade foram comparados mediante a utilização do teste “t” de Student para amostras independentes e análise multivariada para verificar o efeito do treinamento. As análises foram realizadas pelo programa SPSS (versão 18.0, SPSS Inc.), adotando-se como significante P<0,05.
Resultados
A intensidade dos treinamentos de JR foi maior no grupo JR-IN comparado ao grupo JR-SN (P<0,05): %FCmáx = 91,6±3,65 vs. 89,5±4,5; %FCres = 87,8±4,9 vs. 85,5±6,5; PSE (U.A.) = 5,6±1,3 vs. 4,9±1,2 (Figura 1 e 2).
Figura 1
Figura 2
Após sete semanas de treinamento através de JR, os indicadores mostraram melhora no condicionamento aeróbio nos dois grupos (P<0,05): YYIR1 = 16,6% vs. 4,6%; EC7 = 11,6% vs. 7,5%; EC12 = 12,3% vs. 7,5%; respectivamente para os grupos JR-IN e JR-SN (Figura 3, 4 e 5).
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Conclusão
O treinamento utilizando JR melhorou o condicionamento aeróbio de jovens jogadores de futebol de ambos os grupos. O procedimento adotado para adequação das cargas de treinamento às necessidades dos atletas foi eficiente, haja vista que indivíduos menos condicionados, alocados em equipes com inferioridade numérica, obtiveram cargas de treino maiores que os demais jogadores e o efeito somatório dessas cargas resultou em um aumento de maior magnitude no condicionamento aeróbio ao final de oito semanas de treinamento por meio de JR. Assim sendo, tais jogadores estariam mais preparados à cumprirem as exigências do modelo de jogo da equipe, com relação a demanda física do jogo.
Trabalho apresentado no 5º Congresso Brasileiro de Ciências do Futebol (2012)