Pasquarelli, B.N.1,2, Rabelo, F.N.1, Matzenbacher, F.1, Milanez, V.F.¹; Stanganelli, L.C.R1.
1: Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR.
2: Universidade Paulista, São José dos Campos-SP.
Introdução
No futebol, reconhecido como um jogo desportivo coletivo, deve-se treinar em busca de uma congruência entre todos os jogadores com relação as funções dentro do jogo. Assim, podemos definir esse comportamento coletivo como “Modelo de Jogo” de uma equipe.
Entretanto, preparar a equipe para adotar padrões específicos nas fases do jogo: ofensivas, defensivas e nas transições; implica em requisitar que as componentes técnicas, físicas, psicológicas e táticas sejam ajustadas às demandas do modelo de jogo da equipe. Um exemplo claro de como isso ocorre é se analisarmos a equipe do Barcelona; que adota um padrão de recuperação da posse de bola imediatamente após a sua perda ou que, predominantemente, mantém a posse de bola com um jogo apoiado, o qual requer grande mobilidade de seus jogadores na criação de linhas de passe.
Dessa forma, analisando somente essas duas características da equipe catalã, podemos identificar algumas características dos jogadores que a compõem: desempenho ótimo na capacidade aeróbia específica, ocupação racional do espaço e proficiência no passe.
Visto que os jogadores tem desempenho quantitativo e qualitativo diferente em cada uma das capacidades exigidas pelo jogo, gostaria de mostrar parte de um estudo de mestrado que teve como objetivo adequar as cargas de treinamento físico por meio de jogos reduzidos (JR) e verificar seu efeito no condicionamento aeróbio de jovens jogadores de futebol.
Material e Métodos
Participaram do estudo 17 jogadores de futebol (idade: 15,7 ± 0,5 anos). Antes e depois de oito semanas de treinamento, os indivíduos foram submetidos à avaliação da economia de corrida a 7 km.h-1 e 12 km.h-1 (EC7 e EC12, respectivamente) e para capacidade aeróbia específica pelo Yo-Yo Intermittent Recovery Test 1 (YYIR1). Os sujeitos foram divididos em dois grupos, os quais treinaram com inferioridade (JR-IN, < mediana no YYIR1, n = 8) ou superioridade numérica na equipe (JR-SN, > mediana no YYIR1, n = 9). Essa divisão foi utilizada durante 14 sessões de JR, todos com duração de 4x4 min e 5 min recuperação, com os seguintes formatos: a) 3vs.4, 20x30m; b) 4vs.5, 25x35m; c) 5vs.6, 30x40m. A intensidade dos JR foi analisada pelo percentual da frequência cardíaca máxima (%FCmáx) e de reserva (%FCres) (Suunto Team Pod,, Suunto Oy, Finlândia) e pela escala CR-10 de percepção subjetiva de esforço (PSE). Os valores da intensidade foram comparados mediante a utilização do teste “t” de Student para amostras independentes e análise multivariada para verificar o efeito do treinamento. As análises foram realizadas pelo programa SPSS (versão 18.0, SPSS Inc.), adotando-se como significante P<0,05.
Resultados
A intensidade dos treinamentos de JR foi maior no grupo JR-IN comparado ao grupo JR-SN (P<0,05): %FCmáx = 91,6±3,65 vs. 89,5±4,5; %FCres = 87,8±4,9 vs. 85,5±6,5; PSE (U.A.) = 5,6±1,3 vs. 4,9±1,2 (Figura 1 e 2).
Figura 1
Figura 2
Após sete semanas de treinamento através de JR, os indicadores mostraram melhora no condicionamento aeróbio nos dois grupos (P<0,05): YYIR1 = 16,6% vs. 4,6%; EC7 = 11,6% vs. 7,5%; EC12 = 12,3% vs. 7,5%; respectivamente para os grupos JR-IN e JR-SN (Figura 3, 4 e 5).
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Conclusão
O treinamento utilizando JR melhorou o condicionamento aeróbio de jovens jogadores de futebol de ambos os grupos. O procedimento adotado para adequação das cargas de treinamento às necessidades dos atletas foi eficiente, haja vista que indivíduos menos condicionados, alocados em equipes com inferioridade numérica, obtiveram cargas de treino maiores que os demais jogadores e o efeito somatório dessas cargas resultou em um aumento de maior magnitude no condicionamento aeróbio ao final de oito semanas de treinamento por meio de JR. Assim sendo, tais jogadores estariam mais preparados à cumprirem as exigências do modelo de jogo da equipe, com relação a demanda física do jogo.
Trabalho apresentado no 5º Congresso Brasileiro de Ciências do Futebol (2012)
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