terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Monitoramento da Frequência Cardíaca em Condições Adversas: aplicações e limitações - PARTE II

Nesta segunda parte, será discutido de que maneira os Fatores Ambientais influenciam o monitoramento da FC no exercício e quais cuidados os treinadores e cientistas do esporte devem ter quando forem aplicá-lo no campo prático.

Fatores Ambientais
Calor
Em quase todos os estudos onde os exercícios tem sido realizados em condições de calor, tem-se mostrado aumentos na FC. Um fator que pode influenciar a FC é a temperatura corporal. Quando o exercício é realizado em condições de muito calor, a perda de calor é menos eficiente e a temperatura corporal aumenta. Jose et al. (1970), relataram uma relação direta e linear entre FC e temperatura do sangue venoso. Como consequência, a FC pode ser maior nessas condições em esforços de mesma intensidade, porém em temperaturas amenas.
A FC pode aumentar por volta de 10 batimentos/minuto, e assim superestimar a itensidade do exercício. Dessa forma, a FC pode não ser um bom indicador de intensidade de esforço em condições de calor, mas sim um bom marcador do estresse corporal do indivíduo como um todo (Achten e Jeukendrup, 2003).


Frio
Os dois principais ajustes que ocorrem nos humanos quando expostos a ambientes frios são: diminuição da circulação sanguínea na pele e; um aumento da taxa metabólica. A perda de calor é reduzida pela vasoconstrição periférica, havendo aumento tanto do volume sanguíneo central quanto do retorno venoso. McArdle et al. (1976), mostraram aumento também no volume de ejeção em baixas temperaturas, causando um aumento no débito cardíaco. Os autores especularam que esse aumento no volume de ejeção foi devido ao aumento no volume sanguíneo central e retorno venoso.
Durante o exercício em ambientes frios, a FC pode apresentar comportamentos similares às condições termoneutras. No entanto, o VO2 pode ser maior e, assim, a FC pode subestimar a intensidade do esforço. Portanto, é recomendado que os atletas treinem na borda inferior de sua zona de FC para obter a intensidade de exercício desejada.


Altitude
O gasto de oxigênio em um trabalho em altitude (>4.000m) é essencialmente similar ao gasto ao nível do mar. No entanto a pressão parcial do oxigênio ambiente (PO2) pode ser diminuída para 30%, em relação a PO2 a nível do mar. Para compensar o decréscimo de oxigênio por mililitro de sangue, mais sangue precisa ser bombeado para a musculatura exercitada, aumentando o débito cardíaco e a FC. Em altitude, apesar da FC aumentar para um mesmo valor do VO2, a relação entre essas duas variáveis permanece linear. A consequência é que para uma mesma FC máxima, obtida a nivel do mar, o VO2 é reduzido.
Quando os indivíduos ficam por um tempo maior na altitude, alguns ajustes ocorrem, o débito cardíaco submáximo diminui, em resposta à uma diminuição no volume de ejeção. A FC permanece elevada todo o tempo que os indivíduo ficam em altitude, apesar de diminuir levemente com o passar das semanas (Klausen et al., 1966; Klausen et al., 1970).
Em exercícios em altitude elevada, a curva FC-VO2 determinada a nível do mar não é confiável para ser usada na altitude, visto que a intensidade do exercício poderia ser superestimada.


Referência Bibliográfica:Achten J, JeukendrupAE. Heart Rate Monitoring: applications and limitations. Sports Medicine. 2003; 33(7):517-538.

3 comentários:

Rodrigo Inácio Cenzi disse...

Boa Bruno, envio um link de um artigo, este é do grupo do Dr. García-Manso da universidade de las palmas.
Acho que você vai gostar. Além deste existem vários outros, não relacionados com Fc, porém não menos interessantes.

http://www.elsevier.es/revistas/ctl_servlet?_f=7032&revistaid=284

Abraço

Unknown disse...

Fala Taba...
Não consegui abrir o link. Tem como vc mandar o artigo no email?
Abração!

Rodrigo Inácio Cenzi disse...

Fala Brunão !

Jah está no e-mail para que todos tenham acesso.

Abraço