sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Monitoramento da Frequência Cardíaca em Condições Adversas: aplicações e limitações - PARTE I

Durante os últimos 20 anos, os monitores de frequência cardíaca (MFC) tem se tornado uma ferramenta comum e amplamente usada por uma grande variedade de esportes. Novos MFC vem também sendo rapidamente desenvolvidos, chegando ao mercado, equipamentos com grande acurácia, maior capacidade de armazenamento e com novas funções adicionadas (Achten e Jeukendrup, 2003).
No entanto, fatores fisiológicos (Parte I) e ambientais (Parte II) podem influenciar a monitoração da frequência cardíaca (FC) e precisam ser vistos com cautela para uma correta aplicação prática. Assim sendo, este texto tem como objetivo esclarecer para os leitores, os fatores que influenciam a FC em condições adversas. Esta primeira parte, destina-se a tratar dos Fatores Fisiológicos que influenciam o monitoramento da FC durante o exercício.

Fatores Fisiológicos
Variação Cardiovascular
Após poucos minutos de um exercício de intensidade leve a moderada, occore uma dimiuição gradual no volume de ejeção seguido de um aumento na FC. Esse fenômeno é chamado de variação cardiovascular (VC). Estudos demonstram que essas VCs podem ser influenciadas por numerosos fatores. Hamilton et al. (1974) encontraram que a FC aumentou 10% quando não houve consumo de bebidas e de 5% quando o consumo de fluídos foi permitido, mostrando que parte dessa VC pode ser explicada pela desidratação. No mesmo estudo, foi verificado que o aumento da FC durante o exercício está fortemente relacionado ao aumento da temperatura corporal. O mesmo resultado foi verificado em outros estudos.
Desse modo, as VCs devem ser consideradas quando se trabalha com zonas da FC. Aumentos de 15% para exercícios de 5-60 minutos tem sido reportados na literatura. E são acentuadas em situações de calor e desidratação.

Estado de Hidratação
O efeito da desidratação no sistema cardiovascular tem sido extensivamente estudado. Gonzàlez-Alonso et al. (1997), quando compararam indivíduos desidratados e euhidratados em exercício, observaram aumento de 5% na FC e diminuição de 7% no volume de ejeção nos atletas desidratados em relação aos euhidratados. E concluíram que a diminuição no volume de ejeção é induzida pelo reduzido volume do plasma sanguíneo. Sendo que quanto mais desidratado o indivíduo, maiores são as mudanças na FC e volume de ejeção (Saltin, 1964).
Quando o atleta realiza um exercício em um estado de desidratação, sem aumento da temperatura corporal, a FC pode aumentar até 7,5%. O aumento na FC é positivamente correlacionada ao nível de desidratação. Portanto, o uso da FC para monitorar a intensidade de esforço de um indivíduo desidratado pode apresentar limitações.
Referência Bibliográfica:Achten J, JeukendrupAE. Heart Rate Monitoring: applications and limitations. Sports Medicine. 2003; 33(7):517-538.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa galera! Parabéns pelo blog e iniciativa!! Boa fonte de informação! Abraço a todos!!