segunda-feira, 16 de maio de 2011

O PROGNÓSTICO DO TALENTO ESPORTIVO: EFEITO DA IDADE RELATIVA (PARTE I)

Em diversas modalidades esportivas, frequentemente nos deparamos com o surgimento de jovens promissores que nos obrigam, equivocadamente, a palpitar sobre o futuro glorioso do esporte nacional. A cada golpe, a cada drible, a cada arremesso, novos craques são eleitos futuros ídolos que, um dia, despertarão o orgulho do visionário que previu a carreira vitoriosa.


Por muitas vezes, encontramos equipes infantis sendo consideradas verdadeiras máquinas de vencer, constituídas por mini-atletas imbatíveis, devido aos seus atributos físicos inigualáveis. O visionário, naquele instante, prevê a multiplicação de “Ronaldos” e “Cielos” por atacado antes mesmo de entender o que se passa realmente neste momento de transformações chamado puberdade.


Imagine a seguinte situação: na categoria sub-15 de uma equipe de futebol existem 23 jogadores com idade entre 14 e 15 anos. Dos 23 jogadores, 16 são atletas do último ano da categoria, ou seja, têm 15 anos e 7 atletas acabaram de integrar a equipe, por completarem 14 anos de idade. Considerando a breve, porém significativa experiência de jogo e desenvolvimento cognitivo que os mais velhos apresentam em relação aos novos integrantes, é de se esperar uma diferença de desempenho bastante notável. Agora, considere as mudanças fisiológicas e morfológicas que se iniciam nesta fase, oriundas do processo maturacional por qual passam, em ritmos diferentes, todos os indivíduos jovens. Por fim, analise a idade relativa destes atletas considerando sua data de nascimento e a data atual. Um atleta que nasceu no início do ano, logo após a data-limite do calendário (1º de janeiro) é cronologicamente mais velho do que um atleta que nasceu quase um ano após a mesma (31 de dezembro). Se atletas da mesma idade, porém com datas de nascimento diferentes, já apresentam diferenças, imagine então as diferenças que podem existir entre aqueles 7 atletas “calouros” e os demais “veteranos” da categoria sub-15 que disputam o mesmo espaço na equipe.


O que tem se observado no mundo esportivo é justamente este cenário. Atletas adiantados no processo maturacional consistindo na principal matéria-prima para lapidação no programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento das equipes esportivas. Mas serão estes os únicos potenciais talentos? O desempenho momentâneo nas categorias de base consiste em um parâmetro válido para estimar o quão ótimo será no futuro?


Na segunda parte deste post, algumas questões serão discutidas baseado no que vem sendo publicado na literatura científica sobre o assunto Efeito da Idade Relativa.

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