Apresento abaixo o comentário de um leitor, Vinicius Milanez**, que adiciona mais informações sobre o tema referido nos dois últimos textos, aguça a reflexão e a mudança de posicionamento quanto ao papel da pesquisa científica. Antes disso, assistam o vídeo do Prof. Dr. Gilson Luiz Volpato (UNESP/Botucatu-SP), que também harmoniza com o exposto até então. E por fim, a sugestão de um filme (O Ponto de Mutação – Mind Walk), que possibilita entender melhor a visão sistêmica-complexa.
Segue o comentário do nosso leitor:
“Prezado Bruno, parabéns pela visão crítica. Que não deixemos nos iludir com os indicadores quantitativos de produtividade científica. Gostaria de repercutir seus dois textos com esse único, porém extenso comentário. Essas suas postagens me remeteram ao primeiro paradigma criado sobre o tema "fadiga e exaustão". Por volta de 1800, os primeiros estudos sobre mecanismos de fadiga e exaustão focaram apenas no sistema muscular dando origem mais tardiamente ao modelo chamado “modelo catastrófico de fadiga” (Edwards 1983). Esse modelo influenciou pesquisadores, professores e livros durante longos anos até que novos estudos passaram a investigar a participação de outros sistemas tais como sistema nervoso central, termorregulatório, cardíaco além da influência dos diferentes tipos de tarefa, o que levou a contestação do modelo. Inegavelmente, o pensamento cartesiano-newtoniano, (Descartes e Newton séc. XVII) produziu e continua produzindo progressos espetaculares em certas áreas. Entretanto, nos dias de hoje, tentar explicar fenômenos complexos a partir de princípios reducionistas-mecanicistas peculiar ao pensamento cartesiano-newtoniano me parece pretensioso e equivocado.
A meu ver, o grande prejuízo do pensamento cartesiano-newtoniano estar na base do pensamento de “alguns” pesquisadores contemporâneos, é que esse “tipo de pesquisador” não se interessa realmente com o esporte, mas sim única e exclusivamente com suas pesquisas que lhe darão status acadêmico. Esse “tipo de pesquisador” quer a admiração e respeito da classe acadêmica e não da classe dos treinadores e preparadores físicos, os quais muitos deles, julgam inferiores. Diante desse pensamento, esse “tipo de pesquisador” utiliza o esporte como meio para testar as suas hipóteses com alguma validade ecológica. Na maioria das vezes não há preocupações sobre quais contribuições efetivas suas hipóteses darão para o esporte, mas sim se há interesse de publicação em periódicos renomados, mesmo que não seja útil do ponto de vista pratico. Esse “tipo de pesquisador” estuda as necessidades ou as possibilidades de publicações nos periódicos e não as necessidades reais e práticas do esporte. A preocupação é com o que ainda não foi publicado, e não com o que realmente poderia contribuir para o avanço do esporte. É obvio que nem todas as pesquisas precisam produzir conhecimento com fins práticos, mas em se tratando de Sports Sciences, as pesquisas deveriam ter essencialmente essa preocupação. Entretanto, isso só será possível quando esse “tipo de pesquisador” descer do seu pedestal de intelectual acadêmico, ir a campo pra trocar ideias com treinadores e preparadores físicos para poderem fazer a seguinte pergunta; O que vocês realmente precisam? E talvez o que eles realmente precisam não garanta publicações em importantes periódicos, então se você desistir da pesquisa você é esse “tipo de pesquisador” que estou me referindo.”
A meu ver, o grande prejuízo do pensamento cartesiano-newtoniano estar na base do pensamento de “alguns” pesquisadores contemporâneos, é que esse “tipo de pesquisador” não se interessa realmente com o esporte, mas sim única e exclusivamente com suas pesquisas que lhe darão status acadêmico. Esse “tipo de pesquisador” quer a admiração e respeito da classe acadêmica e não da classe dos treinadores e preparadores físicos, os quais muitos deles, julgam inferiores. Diante desse pensamento, esse “tipo de pesquisador” utiliza o esporte como meio para testar as suas hipóteses com alguma validade ecológica. Na maioria das vezes não há preocupações sobre quais contribuições efetivas suas hipóteses darão para o esporte, mas sim se há interesse de publicação em periódicos renomados, mesmo que não seja útil do ponto de vista pratico. Esse “tipo de pesquisador” estuda as necessidades ou as possibilidades de publicações nos periódicos e não as necessidades reais e práticas do esporte. A preocupação é com o que ainda não foi publicado, e não com o que realmente poderia contribuir para o avanço do esporte. É obvio que nem todas as pesquisas precisam produzir conhecimento com fins práticos, mas em se tratando de Sports Sciences, as pesquisas deveriam ter essencialmente essa preocupação. Entretanto, isso só será possível quando esse “tipo de pesquisador” descer do seu pedestal de intelectual acadêmico, ir a campo pra trocar ideias com treinadores e preparadores físicos para poderem fazer a seguinte pergunta; O que vocês realmente precisam? E talvez o que eles realmente precisam não garanta publicações em importantes periódicos, então se você desistir da pesquisa você é esse “tipo de pesquisador” que estou me referindo.”
Referências BibliográficasCAPRA, F. A influência do pensamento cartesiano-newtoniano. In: _____. O ponto de mutação: A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. 25. ed. São Paulo: Cultrix, 1982. 447 p. p.93-155
EDWARDS, R. H. T. Biochemical bases for fatigue in exercise performance: Catastrophe theory in muscular fatigue. in: Knuttgen, H. G, Vogel, J. A, Poortmans, J. Biochemistry of exercise. Champaign, IL: Human Kinetics,1983. p. 3 - 28.
EDWARDS, R. H. T. Biochemical bases for fatigue in exercise performance: Catastrophe theory in muscular fatigue. in: Knuttgen, H. G, Vogel, J. A, Poortmans, J. Biochemistry of exercise. Champaign, IL: Human Kinetics,1983. p. 3 - 28.
** Vinicius Milanez (clique no nome para acessar o currículo lattes)
Doutorando - Bolsista CAPES - PPGEF UEL/UEM
Mestre em Educação Física - UEL
Graduado em Educação Física - UNESP
Grupo de Estudos das Adaptações Fisiológicas ao Treinamento – GEAFIT
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