Durante o processo de formação do futebolista, além das modificações advindas do desenvolvimento biológico, há uma contribuição das competências que fornecem subsídios para a construção do “jogar”.
Para iniciarmos tal reflexão recorremos às considerações de Garganta (1) que salienta o desenvolvimento tático-cognitivo, técnico e sócio-afetivo como fundamentais do ensino dos jogos desportivos coletivos, no qual se enquadra o futebol. Além disso, salienta dois traços característicos fundamentais: a cooperação e a inteligência; como recursos de máxima importância para entendermos as fases do “jogar”. Para essa primeira (cooperação), entende-se como a comunicação dentro jogo através de referências comuns, manifestando a individualidade ao cumprimento dos interesses da equipe. E por inteligência entende-se a capacidade de adaptar-se aos problemas aleatórios do jogo, significa elaborar e operar respostas satisfatórias a cada um desses “problemas de jogo” (1, 2).
Dessa forma, precisamos compreender algumas características que levam em consideração a qualidade do jogo no quadro abaixo:
Indicadores de Nível Fraco de Jogo | Indicadores de Nível Bom de Jogo |
· Todos junto da bola (aglutinação) · Querer a bola só para si (individualismo) · Não procurar espaços para facilitar o passe do colega que tem a bola · Não defender · Estar sempre falando para pedir a bola ou criticar os colegas · Não respeitar as decisões do árbitro | · Fazer correr a bola (passar) · Afastar-se do colega que tem a bola · Dirigir-se para espaços vazios no sentido de receber a bola · Intencionalidade: receber a bola e observar (ler o jogo) · Ação após passe: movimentar para criar linha de passe · Aclaramento: afastar-se do colega que tem a bola e ocupar o seu espaço · Não esquecer o objetivo do jogo (fazer gol) |
Adaptado de Garganta (1)
Ao passo que a qualidade do jogo pode ser observada pelos praticantes e podem se manifestar em diferentes níveis, Garganta (1) divide em quatro as fases o desenvolvimento para o jogo: anárquica, descentração, estruturação e elaboração; as quais são caracterizadas no quadro a seguir.
FASES | RELAÇÃO COM BOLA | ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO | COMUNICAÇÃO NA AÇÃO |
Anárquica Relação Eu-Bola Subfunções Problemas na comunicação | Elevada utilização da visão central | Concentração em torno da bola e subfunções | Abuso da verbalização, sobretudo para pedir a bola |
Descentração A função não depende apenas da posição da bola Relação Eu-Bola-Companheiro | Da visão central à periférica | Ocupação do espaço em função dos elementos do jogo | Prevalência da verbalização Início da metacomunicação |
Estruturação Conscientização da coordenação das funções | Do controle visual para o proprioceptivo | Ocupação racional do espaço | Verbalização e comunicação gestual |
Elaboração Ações inseridas na equipe Ação cooperativa | Otimização das capacidades técnicas | Polivalência funcional | Prevalência da metacomunicação (comunicação corporal) |
Adaptado de Garganta (1)
Partindo dessa premissa, o jogo torna-se a maior ferramenta de ensino e o melhor indicador de evolução do futebolista. Assim sendo, a compreensão das fases do jogo nos permite organizar conteúdos que facilitem a aprendizagem ao longo do processo de formação de futebolistas.
Referências Bibliográficas
2. Garganta J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Lecturas Educación Fisica y Deportes [serial on the Internet]. 2002; 8(45): Available from: http://www.efdeportes.com/efd45/ensino.htm.
Um comentário:
Simples, claro e direto. vlw Bruno...!
Postar um comentário