segunda-feira, 15 de agosto de 2011

4º CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO FUTEBOL


Análise. Novidades. Perspectivas

Do dia 12 ao 14 de agosto de 2011, foi realizado, na cidade de São Paulo, o 4º Congresso Brasileiro de Ciências do Futebol (CBCF). O evento contou com a participação de profissionais de diversas áreas do futebol, no qual foram ofertados cursos em diferentes temáticas (categorias de base, preparação tática, preparação física e fisioterapia esportiva), palestras com profissionais renomados no meio do futebol e uma mesa redonda para discussão de temas pertinentes à área (arbitragem e perfil da nova geração de técnicos).

Sendo assim, venho por meio desse texto expor minha opinião e apontar algumas análises que fiz desta quarta edição do CBCF.

Começo minha explanação contando minhas passagens a outros Congressos Científicos. Nesse mesmo evento, no ano de 2008, aconteceu a primeira edição do CBCF. Na ocasião, estava no primeiro ano de especialização em Treinamento Desportivo, cheio de idéias, novos conceitos acerca do treinamento desportivo e vislumbrando os trabalhos realizados pelos clubes “grandes” de futebol na categoria profissional.

O Congresso supriu minhas expectativas. Havia muitos convidados ilustres e temas pertinentes com os quais me interessava na época. Ainda que um pouco fora dos moldes dos Congressos mais tradicionais, sem haver espaço e tempo destinado a apresentação de trabalhos científicos, por exemplo, pude presenciar palestras de profissionais, que no momento, estavam no ápice do desenvolvimento de seu trabalho em seus respectivos clubes (“grandes”). De zero a dez eu diria que o Congresso foi “bom”...rs

Participei também, da 2ª edição do CBCF, no ano de 2009, contribuindo com um trabalho científico no evento, em parceria com Felipe Nunes Rabelo, que também escreve textos para o blog Ciência do Esporte. Lembro-me da fala do professor Miguel de Arruda (UNICAMP) sobre a qualidade (não muito boa) dos trabalhos científicos apresentados e incitando os profissionais a pesquisar e contribuir para o avanço da área.

No ano seguinte não pude participar em virtude de compromissos com o mestrado. E exponho agora, à luz da minha percepção, como foi o quarto evento CBCF.

Primeiro, gostaria de parabenizar os organizadores do evento pela escolha dos temas dos cursos e dos sub temas em cada um deles. Foi uma escolha muito pertinente e que atendeu às necessidades de diferentes públicos. Como eu atualmente coordeno as categorias de base de um clube do interior de São Paulo, participei da temática “categorias de base”, a qual abordou os sub temas: 1) Administração e supervisão nas categorias de base; 2) Aspectos técnicos / táticos e pedagógicos na formação do atleta; 3) Crescimento, Desenvolvimento, Maturação e suas implicações no futebol; 4) Preparação Física nas idades jovens.

Porém, não foram os temas e sub temas que me levaram a expor minha opinião sobre o ocorrido nos três dias de Congresso. Mas sim, quero compartilhar com os leitores que não estiveram presente, pontos positivos dos participantes do respectivo evento. Notei que, em relação aos demais Congressos de anos anteriores, muitos estudantes, graduandos e pós graduandos, já tinham um nível muito bom e atualizado de conhecimento. Essas pessoas estavam presentes por um motivo, conhecer mais e saber como é realizado o trabalho em clubes de excelência. Muitos temas atuais como periodização tática, método integrado, preparação física no futebol moderno, crescimento e maturação biológica, gestão, prevenção de lesões, pedagogia do treinamento, etc, eram temas de interesse dos participantes (inclusive o meu). Visto que o nível intelectual dos participantes estava alto e que o capital simbólico dos palestrantes também, as discussões e dúvidas que surgiam no decorrer das apresentações eram sempre de grande valia à todos os presentes. Em algumas delas, faltou tempo para que mais esclarecimentos pudessem ser dados aos ouvintes, o que mostra quão rica eram as discussões sobre os respectivos temas.

Outro fator que destaco, é a composição dos profissionais que integram os clubes “grandes” e clubes intermediários, sobretudo nas categorias de base. Notei que muitos deles (grupo no qual me incluo também) têm título e vinculo com uma instituição de Ensino Superior. Àquele discurso sobre teoria e prática como elementos únicos (ou unificados) está, afortunadamente, sendo levado a cabo. As pesquisas na área estão crescendo, não digo somente publicações em periódicos, porque entendo que às vezes é difícil dedicar tempo a escrever artigos científicos, mas digo pesquisas que melhoram as condições de trabalho dos membros das comissões técnicas.

Há uma atitude transdisciplinar (que pode se transformar em comportamento num futuro) em direção a pesquisar para entender o que é melhor para os atletas, sendo esta, uma população especial e que requer cuidados específicos. Essa atitude me motiva a continuar em uma caminhada duradoura, na qual ato uma das mãos à Universidade – no ensino (como docente e discente) e na pesquisa – enquanto com a outra mão, uno à prática profissional do ensino/treinamento do esporte, sobretudo do futebol. Se fazem parte do meu corpo as minhas mãos, acabo por considerar parte de mim, e ter responsabilidade sobre, tudo aquilo que me cativou e que propositalmente entreguei minhas mãos para formação de um constructo (s.m. construção mental ou síntese feita a partir da combinação de vários elementos).

Por fim, destaco no 4º CBCF, a qualidade dos trabalhos científicos apresentados. Estes trabalhos poderão ser lidos em breve na Revista Brasileira de Ciências do Futebol, outro avanço que veio a somar e é fruto dessa mudança que ocorre no futebol brasileiro, em direção a aplicação das ciências dentro do futebol – pedagogia, fisiologia, fisioterapia, administração, nutrição, psicologia, entre outras áreas.

Para quem foi ao evento, a análise crítica foi a mesma da minha?

Para quem não foi, posso disponibilizar mais informações sobre.

Espero que com este texto, mais pessoas se motivem a participar desses encontros. Isso é o que eu mais quero.

Abraços e até a próxima.

Bruno N. Pasquarelli

Um comentário:

Rodrigo Inácio Cenzi disse...

Interessante Bruno... No próximo tentarei comparecer. Depois me envia sua tese de mestrado, estou curioso para ver os resultados...

Abraço